360 graus

O Caminho do Artista é um livro com uma série de exercícios e reflexões sobre a nossa capacidade criativa, a jornada e a labuta de fazer coisas artísticas. Eu comecei a fazer, junto com um grupo online, há quase três meses, com resultados ainda a serem avaliados.

Tava pensando aqui com os meus botões, enquanto relia alguns capítulos do Caminho do Artista. Este é ano de dois mil e todo mundo tá fazendo um podcast. Na minha cabeça, todo podcast interessante consiste em encontrar um tipo específico de conteúdo e repeti-lo. Por exemplo, um grupo de dubladores jogando RPG, uma comunicadora entrevistando vítimas da síndrome do impostor, ou uma escritora falando bobagens.

Pensei em duas coisas interessantes que aconteceram comigo e que podem gerar histórias interessantes, também com outras pessoas: emigrar e mudar de ideia.

Como algumas pessoas sabem, eu mudo de país a cada 4-5 anos. Por causa de 2020, Portugal provavelmente vai ser a exceção e a estada vai durar um pouco mais de tempo, mas esse era o padrão que eu costumava seguir. De qualquer forma, essa parada de mudar de país já foi coberta pelo podcast do Caio Turbiani entrevistando outros publicitários expatriados. Tem um monte de gente que eu conheço que ele poderia entrevistar, mas eu não tenho mais muita paciência para a publicidade corporativa. Um spin-off possível seria entrevistar publicitários que agora vão mudar de país e morar longe das agências nas quais trabalham, no mundo pós-covid.

Agora, a segunda ideia é mais a minha cara, e eu acho muito mais interessante. Pensei numa série de entrevistas com pessoas que mudaram de ideia. Que desistiram de algo e agora fazem outra coisa. Por exemplo, falar com a ex-publicitária e agora podcaster de sucesso Aline Valek, ou então o Luís Fernando Veríssimo, que largou a publicidade para virar escritor, ou o Arnold Shwarzenegger que largou a publicidade para virar governador da Califórnia.

Pessoas que trocam de carreiras, de trabalhos, de funções, de artes. O que fez um jovem decidir largar o sonho de fazer gols e se tornar Gianluigi Buffon? Ou o Humberto Gessinger, que trocou a guitarra que tocou no primeiro disco dos Engenheiros pelo contrabaixo, e o resto, como se diz, é história? A hora que uma pessoa conscientemente decide parar o mundo, descer e subir no metrô para outro lado. O que passa na cabeça da gente quando a gente faz isso? Por que a gente não fez isso logo no começo?

Tem mil casos, mil exemplos. Largar uma faculdade na metade e mudar de curso. Se formar em algo e trabalhar em outra coisa. Passar 10 anos trabalhando numa área até que alguém te diz: “cara, você podia fazer isso ou aquilo,” e você concordar e mudar completamente a atividade que faz durante a maior parte do seu tempo acordado.

A gente meio que é o que faz durante todo o dia. Claro que entram outros fatores, mas dá pra perceber que ninguém passa incólume a uma troca de carreiras.

Vários fatores podem fazer uma pessoa mudar. Um burnout. A extinção de um cargo ou profissão. Uma demissão. Uma mudança. Uma proibição (sei lá, cassaram o teu CRM porque tu receitaste cloroquina). Um acidente. Uma oportunidade única. Um milagre.

Tem muito pano para manga nessa conversa.

E ainda tem uma coisa ainda mais interessante. Já parou pra pensar no que faria você tomar uma decisão dessas hoje? O que te faria mudar de vida completamente hoje?

Bom, o insight fica aqui arquivado, até eu decidir o que faço com isso.