Cutucando a caixa-onça com vara curta

Eu contei há algumas semanas que comprei Poke the box, o mais recente livro do Seth Godin, na versão Kindle. Comprei pensando que ia pagar 11 dólares, mas a promo de lançamento me cobrou apenas 1, devido à grande quantidade de compradores. Groupon perde.

O livro segue o estilo dos anteriores: um resumo do que o Seth costumava falar nos posts dos últimos tempos, sempre tentando dizer “levante a bunda da cadeira e faça alguma coisa de interessante, seu planta!”. Ou seja, de todos os livros dele, é o que mais se aproxima da auto-ajuda.

Entretanto, também é um pouco mais do que isso. Seth Godin é um otimista e acredita que estamos numa época na qual é mais fácil mudar o mundo do que um preconceito. Ou, nas palavras dele:

[quote]The job isn’t to catch up with the status quo;
the job is to invent the status quo.[/quote]

Ou seja, o mundo anda tão complexo e cheio de detalhes que nós não precisamos mais seguir líderes ou regras, mas inventar novas maneiras de criar, trabalhar e resolver problemas. As maneiras antigas não funcionam mais.

E quando a gente faz isso? Agora. Comece. Começar significa não poder mais voltar atrás. Lembra aquela historia dos navegantes espanhóis que queimaram as caravelas para começar a colonizar a América. A alternativa é reagir ao mundo, seguir, ser o segundo.

O título do livro tem a ver com aquela infame expressão-clichê “pensar fora da caixa”. Não é questão de estar dentro ou fora, mas de movê-la, tirá-la dali, cutucar e ver o que acontece.

Depois, o autor começa a discutir a origem do medo, as inseguranças que todos nós temos, e chegamos à parte de auto-ajuda. Lembra daquela famosa frase que a sua mãe dizia quando você começava a fazer alguma brincadeira arriscada: “isso vai terminar em choro.”

E lembra que isso é frase de mãe medrosa, que não quer que o filho corra riscos. Aí, o discurso todo vai se centrar no fato de que quem não corre riscos não ganha, e nós todos temos que começar a arriscar mais pra poder criar algo novo.

Durante esta parte da leitura, me lembrei muito dos twitters da depressão, dos mimimis, dos haters gonna hate: o mundo está realmente muito cheio de gente buscando ativamente o fracasso, fazendo força para apontar os defeitos, catando erro de digitação em livros do tamanho de Guerra e Paz. Gente que fala mal do iPod, mas não consegue nem escrever três parágrafos. Não devemos criticar os críticos, nem devolver a discussão, para não entrar num ciclo infinito, mas simplesmente ignorar. Deixem que chorem na cama, que é lugar quente.

A iniciativa continua, pra outro lado.

Outra coisa bacana do texto é lembrar que há pouca gente disposta a começar coisas. Tipo, aquele teu amigo que vive pensando em criar sites, campanhas, vídeos, ideias, mas nunca começa, fica sempre esperando a aprovação, que todo mundo diga que a ideia é genial antes dele começar, pra então por a mão na massa. #fail. Simplesmente porque é quase impossível que te dêem a luz verde antes da coisa estar feita, não?

[quote]A pessoa que falha mais normalmente ganha.[/quote]

Ele lembra também aquele TED Talk da Elizabeth Gilbert sobre escrever depois de um best-seller. Tá ficando exemplo batido, né?

[quote]Keep starting until you finish.[/quote]

É impossível ter uma vida só de sucessos. Se você está numa agência que nunca caga, que nunca faz um anúncio que dá prejuízos, que não perde clientes, você não está se esforçando 100%. Crie mais. Jogue mais ideias no lixo, DEPOIS DE PRONTAS. Quem cria deveria perder menos tempo julgando qualidade de peças, e mais criando mais e mais ideias.

Aí, um dia encontra uma pepita de ouro.

[quote]If you can’t fail, it doesn’t count.[/quote]

Faça uma lista das coisas que você nunca erra. Jogar Mario Kart. Deitar na cama. Abrir uma lata de cerveja. Você é o fodão nisso, mas nunca vai impressionar ninguém. Porque não pode errar. Sempre que alguém faz algo muito impressionante, é porque faz pela primeira vez. Ou não?

Uma coisa que me deu vergonha: um caderno cheio de ideias

Como todo profissional da criatividade, tenho mesmo um caderno cheio de coisas que poderia fazer, que vou fazer semana que vem, que ando procrastinando. Me doeu bastante a comparação com aquele tio que todos temos, que sabe de tudo, que é super-inteligente, mas nunca conseguiu ganhar dinheiro na vida, porque nenhuma das suas ideias foi aplicada. Possíveis ou impossíveis, nunca saíram do papel.

Até os poemas que não saem do papel são ruins.

O livro termina com uma frase do Buda:

[quote]“There are two mistakes one can make along the road:
Not going all the way, and not starting”[/quote]

Quem quiser, pode baixar um livro preparado pelo Domino Project, com material relacionado a iniciativa, clicando aqui.

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