Discurso sobre o cansaço

Posted by tarrask on January 31, 2013 · 1 min read

Tem monge que dedica a vida inteira para passar um segundo sem pensar.
Ou seja, todo o resto do tempo, todos os instantes em que há vida no seu corpo, ele está pensando. Até quando sonha. Até quando goza.
O cérebro, amigos, nunca para.
Às vezes se cansa, mas nunca para.

O coração bate e se encolhe, e bate de novo. Fica cheio e fica murcho, fica triste e espantado.
Mas se parar, ai meu deus, é a maior emergência, caos pra tudo quanto é lado, o resto do corpo todo em desespero, pulmão fica sem ar, estômago embrulha, a boca pede socorro.
O coração, meus queridos, não tem direito a greve.
Pode ficar amuado, mas nunca descansa.

O Sol, que nunca mais viu nada de novo embaixo dele, está rodando há bilhões de anos.
Embora sob o sol seja um conceito bem relativo, posto que redondo.
E astro-rei que se preze não pode parar.
De jeito nenhum.

Cérebro, coração, sol, gravidade, impostos, a morte, o meu amor por você.
Nenhum deles pára nunca, mas às vezes cansam, ficam meio torpes, chuvosos, ameaçam tropeçar no meio do caminho e cair de cara no asfalto.

E a gente continua, coração batendo, sol queimando por dentro, amor iluminando os dias, mesmo que sem forças, mesmo que arrastados, porque o jogo só acaba, e me perdõem o final da história,
quando chega
no fim.