Lembrança do tempo que eu era um rockstar

Posted by tarrask on February 08, 2010 · 1 min read

Quando eu era criança pequena, lá em Barbacena, tinha um grupo de amigos, e nos juntávamos pra tocar música pesada e triste. Acho que são os dois melhores adjetivos pra descrever aquela barulheira. Tínhamos até umas músicas nossas, bem adolescentes e tristes, que estão na parte secreta do meu HD. Não mostraria nem na base da porrada. Mas dia desses, lembrei de uns versos de Augusto dos Anjos que a gente (na realidade, eu mesmo) declamava durante o solo de baixo de uma dessas ditas músicas. Tá lá no único livro dele, Eu.

Escaveirado corrupião idiota,
Olha a atmosfera livre, o amplo éter belo,
E a alga criptógama e a úsnea e o cogumelo,
Que do fundo do chão todo o ano brota!
Mas a ânsia de alto voar, de à antiga rota
Voar, não tens mais! E pois, preto e amarelo,
Pões-te a assobiar, bruto, sem cerebelo
A gargalhada da última derrota!
A gaiola aboliu tua vontade.
Tu nunca mais verás a liberdade!…
Ah! Tu somente ainda és igual a mim.
Continua a comer teu milho alpiste.
Foi este mundo que me fez tão triste,
Foi a gaiola que te pôs assim!