Mailbox zero. terminei vem me limpar!

Posted by tarrask on March 11, 2016 · 3 mins read

Quase ninguém escreve emails pessoais hoje em dia. O google talk morreu. O ICQ morreu. O snapchat é coisa pra gente xovem. Qualquer dia desses, eu vou ter que usar o mIRC como um neanderthal, para poder encontrar gente da minha idade.

Uma das coisas que ninguém previu quando adivinhava o futuro era o quanto as pessoas iriam se separar por canais. O whatsapp é o lugar das conversas coletivas, como a rádio de antigamente, que a gente olha pra saber se vai chover, pra ouvir bom dia e não deixar a gente dormir no volante enquanto dirige à noite. O snapchat é aquela revista teen, que os velhos olham com ar blasè e nem fazem questão de entender. O twitter, uma jaula de chimpanzés batucando em máquinas de escrever. O caos.

Há, a cada instante mais de milhões de palavras escritas para você e todo o mundo. Mas quantas são só pra você?

Não tô falando de indiretas, nem de email do chefe: queria que você lembrasse do último texto longo, textão mesmo, que alguém de longe mandou, contando a vida, explicando porque você deveria ter visto aquele filme, ou uma teoria bizarra pra explicar porque ir pra Pipa é melhor em baixa estação. Nada de artigo, listicle, buzzfeed ou raio que o parta para massas. Algo Só pra você, que não poderia ter sido mostrado no raio do feed do facebook?

Eu fiz isso dia desses e cheguei à conclusão que é pouco, e isso não é legal.

Dia desses, eu twittei que “O Facebook está para a Internet como o Big Brother está para a televisão. É perder tempo, conversa fiada e ficar com raiva sem motivo.” As pessoas gostaram.

E por que esse tipo de porcaria vicia tanto? Por que a gente não consegue viver longe dessa tragédia? Qual é o defeito que o cérebro tem que nos obriga a ficar chafurdando nessa lama?

Você, leitor de blog, costuma comentar? Conversa de verdade com autor, ou simplesmente deixa uma opinião? Acha que alguma coisa realmente pessoal pode nascer aqui? Ou simplesmente passa os olhos pelos textos, como quem passeia pela vitrine de uma banca de revistas, procurando a próxima novidade, a notícia do ano, o título que faça clic no cérebro?

Eu às vezes respondo, mas como sou leitor de celebridades, quase nunca recebo uma resposta de volta. As newsletters das quais sou assinantes são meio mensagens em garrafas: recebo, leio, respondo, boto o texto na garrafa, mas ele nunca chega na ilha da qual partiu a mensagem original. E o pior: nem chega a ilha nenhuma.

Quem lê tanta notícia?