Sinal de trânsito

Posted by tarrask on June 05, 2013 · 1 min read

Andando distraído, pensando em desimportâncias, quase meto a cara num poste. Parei instantes antes do acidente, assustado, de volta à minha triste realidade.

Era uma esquina na qual passo todos os dias, sempre andando, sempre com a cabeça nas nuvens. E quase a meto em uma barra de metal.

A placa tinha um vaticínio. Pare.

Pare de andar com a cabeça nas nuvens.

Pare de se distrair.

Pare com isso, doido, você vai morrer.

Ande devagar, obedeça as regras, siga os manuais, leia as instruções.

A placa diz o que nem sempre somos capazes de aprender: o mundo precisa de atenção, de constância no que estamos fazendo no momento, na concentração do nosso foco no instante em que vivemos.

Mas eu não, consigo, dona placa. Esta necessidade que tenho de sonhar acordado porque não me lembro do que sonho de noite é maior do que eu, é maior do que a própria realidade, e me faz caminhar como um autômato sem vida, obedecendo os passos da rotina enquanto a cabeça se perde em diálogos imaginários com pessoas que não fazem parte da minha realidade.

Desculpa, tive que ir em outra aba do navegador e voltar.

Não há poste, não há lei de trânsito ou de vida que me faça fazer uma coisa de cada vez. Sou um produto do meu cérebro, desde sempre acelerado, sem limites de velocidade, sem freios ou airbags.

Vou andando devagar para divagar.