Um pouco mais de alguma coisa urgentemente

Posted by tarrask on October 08, 2013 · 3 mins read

Meditação, para mim, é o maior esforço que um ser humano pode fazer. Controlar o que pensa é tão difícil quanto, sei lá, controlar a própria vontade. Sento no sofá, fecho os olhos, ou começo a olhar pra algum lugar e pronto. Abre-se a torneira incessante de pensamentos que vão conectando, indo e voltando e se perdendo em mil direções. Eu tento endireitar a linha e fazer com que, pelo menos, sigam em ordem, e nada.

Ser capaz de controlar o que pensa é controlar o que se quer. Controlar a vontade seria a cura para toda depressão, pé na bunda e outros estados bizarros. Meditação, pois, seria toda a cura para todo mal.

Imagino como era nos tempos imemoriais sem tanta interrupção, sem multi-tarefa, sem distrações. Era fácil ser monge budista na China há 400 anos. Imagina hoje. Toca a porra do celular, você começa a ler um texto, chega um texto daquele autor que você tinha prometido ler praquele seu amigo na semana passada, alguém comenta no blog, soltam no twitter um meme falando mal de você. Opa, eu tava meditando, voltando ao fio da meada.

Sempre que eu tento me concentrar em algo, vem outras coisas que me distraem mais. Meu cérebro é uma criança de dois anos num playground. Foco zero.

Eu só tem UMA coisa pra fazer nesse momento. Umazinha só. Pensar em uma só coisa. Escutar o mundo. Observar sem fazer pensamentos. Eita, esqueci de responder o email da minha mãe. Preciso pagar o aluguel. Será que eu vou receber alguma resposta daquela passagem? Vamos nos encontrar algum dia?

Voltando, mais uma vez, porque a deadline está chegando. Eu sei que posso. Eu já consegui uma vez. Só preciso esquecer de continuar pensando. Já pensaram no difícil que é esquecer alguma coisa, quando você quer esquecer? O sorriso dela. Aquelas palavras tão dolorosas que você ouviu sem querer. Uma queda feia, uma vergonha inenarrável. Aquilo nunca mais vai sair do seu cérebro. Nem que você tente pensar em nada, ou pensar no som dos carros passando na rua, ou pensar no silêncio. Esquecer só é fácil quando eu não quero. Como era mesmo o nome dela?

De novo. Mais uma vez. Pensando em ordem. Cada pensamento no seu neurônio. Agora, penso no trabalho. Mais tarde, eu penso se devo ou não contar aquele segredo escabroso pra todo mundo. Tive uma ideia. E se eu escrever uma história de ficção? Assim eu posso exteriorizar o segredo sem comprometer ninguém. Não custa nada parar o que eu estou fazendo, pra não esquecer. Afinal, eu deveria estar meditando e não pensando em nada, mas estou o tempo todo tendo ideias sobre coisas que não deveriam. Ideias que não quero perder. Vamos interromper o texto para uma pequena nota. Já volto.

Pela milésima vez, tento retomar a linha de raciocínio. O cérebro, depois da pausa, recomeça a criar ainda mais linhas de raciocínio cada vez mais elaboradas e distantes. O que eu deveria fazer para manter o monotema?

Chamem hiperatividade, criatividade, falta de atenção ou inferno pessoal. O que eu sei é que eu penso por linhas tortas, e não sei se estou escrevendo certo.