Um quê de tristeza

Posted by tarrask on April 25, 2011 · 2 mins read

O guest post de hoje é de Loi Pinheiro.

Tristeza é tudo aquilo que descasca a alma, a deixa nua para o vento frio penetrar, sem pena nem piedade. Tristeza te consome tal como um café quente, pra despertar, naquele dia frio que não se quer sair da cama pra ir trabalhar. Te faz pensar e gritar calado, no seco, esperando que alguém te mande fazer silêncio por causa do barulho. Tristeza costumava ser algo mais ameno, mais, como dizer? Caridosa. Tristeza costumava ser apenas tapinha nas costas e dizer sem qualquer receio – vai passar. E quando passava, passava mesmo, tipo um resfriado, daqueles que nossas mães nos davam milhões de soluções e receitas milagrosas. Sabe, a vida era mais fácil. Se entristecer era até algo mais prazeroso, dava-se pra estreitar pela fresta e assim passar. Costumava ser algo que não se tinha vergonha, apenas sentia, sentia sem pudor, sem deixar que isso afetasse, afinal, era só tristeza…
Hoje, a tristeza recebe diversos rótulos, e buscam explicações cada vez mais complicadas pra algo que supostamente devia ser simples. Tristeza é um abraço, daqueles que traz saudade. É uma mensagem velha, daquelas que não se quer apagar, é uma foto que diz muito, mas fala tão pouco a quem apenas vê, mas não sente. É quando se pega algo que requer muito sacrifício pra tirar do armário, pois a poeira machuca menos do que as lembranças guardadas. Tristeza é olhar pra trás e saber que quando voltar a olhar pra frente, aquele fragmento que te completou, um dia, não estará lá. Tristeza é muito mais que isso, mas seria necessário um dicionário com tantas letras e páginas o suficiente pra poder descrever um pouco sobre o que é tristeza. E como dizia Tom Jobim & Vinícius de Moraes – Tristeza não tem fim, felicidade sim.