Como abrir uma empresa na Suméria

Estou careca de saber que a quantidade de dados gerada a cada instante é exponencialmente maior do que um segundo atrás. Então, vamos observar o outro lado: segundo Aponta Estudos™, algum instituto aí, que fez alguma pesquisa acolá, a grande maioria desses novos dados criados, principalmente de forma digital, são logs de computadores.

Logs são registros, basicamente. Informações factuais gravadas que praticamente nunca serão utilizadas: as horas de envios de cada bit de informação pra lá e para cá. Que sites foram acessados, que peça se comunicou com outra. Logs são uma espécie de cartório com dados que quase nunca são utilizados.

Na Suméria, os cartórios eram feitos em tabletes de barro, madeira ou pedra, e talvez por isso abrir uma empresa lá fosse um pouco mais difícil do que no Brasil. Fechar era mais fácil: bastava soltar o tablete no chão e transformar a empresa em mil pedacinhos. Mas tergiverso.

A grande utilidade dos logs, e dos jornais de hoje em dia, que registram fatos não-processados (“ministro assalta banco!”, “presidente conversa com ladrão!”, “supremo embarga o desembargador!”) só será útil para os antropologistas daqui a mil e trezentos anos, quando os Imperadores da República da Páscoa* quiserem tentar entender o funcionamento cotidiano das atrasadas sociedades do século XXI. Afinal, diante dos fatos que os bits nos apresentam, não podemos fazer nada.

As “informações” dos telejornais são tão úteis quanto a formação dos Avengers ou o nome completo de Dom Quixote. Não são falsas, nem ficção: são apenas uma realidade inútil. Como o processo de abrir uma empresa na Suméria: é extremamente importante, se você for empreendedor, e sumério.

* A Ilha da Páscoa será o poder hegemônico deste lado do Sistema Solar quando der o cargo de Imperador a toda e qualquer pessoa que viva em seu território, sendo uma República governada por voto direto e ditadura democrática, algo que ainda não existe, mas faltam 1300 anos para alguém descobrir como funciona.