Exausto de estar exausto

Eu sei, todo mundo detesta a pandemia, isolamento social, etc e tal. Há milhões de problemas, tem gente sofrendo muito mais do que eu, mas com pedido de perdão e vênia, eu queria falar de um dos meus.

O cansaço constante.

Vejam só, eu quase nunca fui um cara muito atlético. Minha constância de exercícios só não é pior que meus sprints de escrita. Não crio muitos hábitos, tipo ir pra academia três vezes por semana, há vários anos.

Mas até o micróbio do caralho aparecer, eu pelo menos andava bastante. Descia ladeira, subia ladeira, descia e subia escada. Viver em Portugal é encarar ladeira o tempo todo.

Porém tudo mudou. Há muito larguei da pulseirinha da Xiaomi que media meus passos, no primeiro ou segundo mês, quando descobri que dava menos de 1000 passos por dia. Ficar trancado em casa -mesmo brincando com a Piratinha- não é suficiente.

Estamos literalmente atrofiando, cada vez mais.

Tem gente que consegue manter alguma rotina, ou fazer exercícios, mas para os procrastinadores, está ainda mais fácil virar um vegetal de sofá. E é horrível.

Tenho inveja de quem se automotiva e tá feliz, todo trabalhado na yoga da Pri Leite e na Zumba no Playstation. Mas não o suficiente para imitar.

Acho que envelheci uns dez anos em um, mais ou menos o tempo que as relações trabalhísticas remotas evoluíram. E não sei se valeu a pena a troca.

No início, eu pensei que o confinamento seria o paraíso para um preguiçoso. Ledo engano. É exatamente o contrário.

Eu não preciso de nenhum incentivo para ficar em casa, só para sair e me mexer. Se for obrigado a só fazer o que gosto, o exercício -esta tortura cuja falta me está matando- nunca será feito.

E quem é que se lasca?

É, eu mesmo.

Se você leu até aqui, faça-me um favor? Não faça o que eu faço. É pro seu bem.


– Este post é o 7 de um exercício chamado #the100DaysProject