Livros grátis e mais livros grátis

Todos os dias, eu recebo um email com uma coletânea dos livros que ficaram grátis na loja da Amazon. São 20, 30 títulos. São livros de novos autores, ou de velhos autores pouco conhecidos, em busca de uma resenha, daquelas cinco estrelinha que vão ajudar a encontrar novos leitores pagantes.

Além deles, há uma imensa quantidade de livros cujos direitos de autor não existem mais. As obras completas de quase todos os bons escritores da humanidade estão dentro desta lista.

Mesmo que eu lesse 50 páginas por dia, nunca conseguiria ler metade dos livros que tenho no meu kindle. Reler os livros que eu já li, só se eu me tornar imortal, algo que a minha coluna não permite mais.

Entretanto, as pessoas continuam a escrever. A fazer músicas, filmes, séries de televisão imperdíveis. Cada dia, uma quantidade mais-do-que-absoluta aparece, plim-plim, de algum cérebro, para ocupar as nossas cada vez mais limitadas capacidades de atenção.

“Quem lê tanta notícia?”

E quem relê tanto clássico? Quem aguenta tanta literatura, tanta arte, tanta mensagem, tanta odisséia?

“A história se repete, mas a coisa deixa a história mal-contada,” dizia o poeta, e o que é pior: as estórias se repetem, as fábulas se reciclam, as jornadas do herói são variações do mesmo tema e tudo é uma recontagem da mesma coisa. Mesmo assim, não paramos de ver e comprar variantes e remixes de narrativas, desde o começo dos tempos, até o final dos nossos dias.

Com medo de não ter lido tudo.