Pax Zuckemberguia

A fama do mongol Gengis Khan era de um invasor implacável: destruía cidades, matava os governantes, violentava populações inteiras. Cerca de 1% da humanidade é descendente dele, segundo alguns estudos genéticos. Seu império foi vastíssimo, só vencido por dois inimigos incontornáveis: o mar e a morte.

Os romanos assimilaram alguns povos, enquanto dizimaram outros. Para conseguir ir da Hispania até a Ásia Menor, misturaram populações, línguas e origens, e por isso, apesar de ser um império extinto duas vezes, sua cultura vive até hoje em toda a civilização ocidental.

Não é preciso ser algo bom para alcançar esta fama perene: ideias, hábitos e culturas de jerico também conseguiram se eternizar. Aí estão os idiotas que acreditam na terra plana, no fascismo ou os neo-luditas antirreforma ortográfica.

Cresce atualmente a visão de que o Facebook é o império do mal das redes sociais. O Gengis Khan da atenção humana, a invasão bárbara que nasceu em Harvard para coletar todas as informações sobre a sua vida e os seus gostos para lhe vender o que não quer comprar.

Já invadiu praticamente todas as culturas e povos que abriram as portas (espertos são os chineses, que baniram o seu uso). As promessas vazias de Primaveras Verdes, Podemos e Jornadas de Junho foram por água abaixo: ao invés de trazer um aumento da qualidade da discussão, trouxeram o chorume mental e o esgoto argumentativo para a praça pública.

Nasce a campanha para #deleteFacebook.

É até verdade. Viver sem Facebook é melhor. Recomendo só postar bobagens por lá, bloquear todo mundo do seu feed (ou mesmo bloquear o feed), apagar o app do telefone. Ainda coisa que alguns seres humanos conseguem ganhar com o facebook é dinheiro, e não são todos os que ganham. Mas não vai ser fácil, como civilização, nos livrarmos da influência nefasta deste império. Basta que ele controle 1% da população para eternizar o mal entre nós.