Todo petista é um pouco vascaíno

A parte ruim do grande Fla x Flu que assola a política brasileira não é simplesmente o fato de ser um clichê, nem de ser até certo ponto uma boa metáfora para explicar.

A parte ruim é que ela mostra que a galera não entende direito de futebol. O PSDB até pode ser meio Fluminense, elitista e que vive ganhando na justiça. Porém, o PT não é um Framengo, o grande time do passado, adorado por multidões em todo o país, principalmente das que não entendem mais de futebol, mas continuam apaixonadas.

A política brasileira está bem mais pro Clássico dos Gigantes.

Senhores, o PT é o Vasco.

É o underdog, aquele que veio de baixo, trazendo a esperança do povo, mas que ninguém nunca achou que seria o grande partido do país. E que montou grandes times, Expressos da Vitória inesquecíveis, que chegou a quase conquistar o mundo (mas amarelou e terminou perdendo a final com gol contra), o primeiro a defender os negros-pobres-desvalidos-trabalhadores, mas que, no fim das contas, é presidido pelo Eurico Miranda.

E mesmo que chamasse o grande ídolo dos anos 80 para voltar a presidir, a gente sabe que vai dar errado. A gente sabe que ele vai ser rebaixado de novo.

Mas pergunte a um vascaíno por aí. Pergunte aos que levantam a bandeira do PT. Eles – poucos, heróicos – acreditam num sonho que provavelmente não existe mais, num tetracampeonato longínquo, numa vitória espetacular no Monumental de Nuñez, na volta ungida de Juninho Pernambucano, do Suplicy, do guerreiro Edmundo e do Animal Zé Genoíno, essa constelação de craques capaz de levantar sonhos, troféus, espadas e sonhos em um futebol bonito, alegria do povo, das multidões, do progresso e do futuro.

Mas, no fim das contas, o torcedor do PT está somente apoiando mais um mandato pro Eurico Miranda.

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